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Transcrição: Christine Lagarde em "Enfrente a nação com Margaret Brennan," 19 de outubro de 2025

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A seguir está a transcrição da entrevista com Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, que foi ao ar no programa “Face the Nation with Margaret Brennan” em 19 de outubro de 2025.


MARGARET BRENNAN: Estamos agora acompanhados pela Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde. O BCE fixa taxas de juro para muitos países da União Europeia, que é o maior parceiro comercial da América. Que bom ter você aqui.

CHRISTINE LAGARDE: É um prazer estar de volta, Margaret.

MARGARET BRENNAN: De onde você está, como você descreveria o estado da economia international?

CHRISTINE LAGARDE: Em transformação.

MARGARET BRENNAN: Transformação.

CHRISTINE LAGARDE: Transformação, acho que causada por algumas coisas. Um deles são as tarifas, que mudaram o mapa do comércio em todo o mundo e reconstituíram novas alianças e reformaram a forma como comercializamos uns com os outros. Acho que a segunda grande transformação é o impacto da inteligência synthetic em tudo o que fazemos, desde o gerenciamento de dados até o namoro e tudo mais.

MARGARET BRENNAN: Com certeza, e isso está mudando a forma como recebemos os dados em si –

CHRISTINE LAGARDE: – Sim. —

MARGARET BRENNAN: — para indicar o que está acontecendo, mas o mercado de ações tem subido e descido. Quero falar com vocês do outro lado deste intervalo comercial sobre alguns detalhes específicos dessas guerras comerciais e o que mais vocês estão vendo na Europa, mas vamos fazer uma pausa rápida aqui. E temos mais perguntas, mas temos que voltar em um momento.

MARGARET BRENNAN: Bem-vindo de volta ao Face The Nation. Voltamos à nossa conversa com a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde. Você disse que a economia está em transformação. A S&P World prevê que as tarifas de Trump custarão às empresas globais mais de 1,2 biliões de dólares este ano, sendo que muitos desses custos serão repassados ​​aos próprios consumidores. Você disse que muitos economistas superestimaram o impacto das tarifas de Trump. Isso significa que você acha que ultrapassamos o ponto de risco ou ainda não sentimos a dor?

CHRISTINE LAGARDE: Acho que ainda não sentimos a dor. O que observamos, vou dar alguns números. Da Europa aos Estados Unidos, os nossos produtos para os consumidores norte-americanos tinham uma tarifa de 1,5. Com a tarifa decidida pela administração norte-americana, subiu para 13%. Portanto, a questão é: para onde vai esse adicional de 11 pontos percentuais? Neste momento, é um terço do exportador, ou seja, da empresa europeia, um terço do importador dos EUA e um terço do consumidor. O que irá acontecer, porém, é que estes dois terços suportados por duas empresas, essencialmente, o exportador e o importador, se baseiam numa compressão das suas margens. Quanto tempo eles vão aguentar a redução da margem, isso é o que se sabe. E quando não o fizerem, porque está ficando muito apertado, então será por conta do consumidor. Então é uma questão de tempo.

MARGARET BRENNAN: O quanto eles aguentam o golpe…

CHRISTINE LAGARDE: – Sim. —

MARGARET BRENNAN: –para seus próprios lucros antes de repassar isso. Bem, sabemos que estão a decorrer conversações entre as duas maiores economias do mundo. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse nas redes sociais que se reunirá com o vice-primeiro-ministro da China nos próximos dias. Isto aconteceu depois de ter recentemente desequilibrado o negociador e o Presidente Trump ter dito que a partir de 1 de Novembro haverá novas tarifas como retaliação pelas restrições chinesas às exportações de terras raras. Estas são as maiores economias do mundo. Para onde isso vai? Quão prejudicial isso pode ser?

CHRISTINE LAGARDE: Em primeiro lugar, eu desconsideraria um pouco o posicionamento neste momento porque isso é típico das táticas de negociação de ambos os lados. Típico. Você mostra seus músculos e diz que está pronto para matar. Estou exagerando, é claro. Mas as pessoas terão de sentar-se à mesa porque é do interesse de ambas as economias, apesar da hostilidade que existe entre as duas. Mas a China está a aproveitar uma vantagem que construiu ao longo do tempo, acumulando terras raras e formas de refinar terras raras e depois vendê-las ao resto do mundo. Eles têm uma posição comercial muito, muito forte nessa frente e vão usá-la, e é por isso que penso que do outro lado, os consumidores, ou seja, os Estados Unidos, a Europa e alguns outros países ao redor do mundo, deveríamos, você sabe, unir forças e ser uma força de compra do outro lado da mesa de uma força de venda.

MARGARET BRENNAN: Bem, exactamente até esse ponto, tem havido frustração do lado americano pelo facto de a Europa não estar em sintonia com os Estados Unidos no que diz respeito à China. Que a China tem influência sobre a Europa aqui.

CHRISTINE LAGARDE: Bem, a China tem actualmente influência sobre a maioria dos países que consomem terras raras. E penso que na frente das terras raras, os europeus e os americanos estão no mesmo barco e remando na mesma direção.

MARGARET BRENNAN: Mas são outros itens que você vê –

CHRISTINE LAGARDE: — Bem, eu acho, você sabe, que não cabe a mim dizer que sou apenas um banqueiro central, mas as autoridades europeias e a administração dos EUA vêem isso de forma um pouco diferente. Acho que os EUA veriam uma força geral. Penso que os europeus estão mais interessados ​​em visar indústrias ou sectores específicos onde considerem que isso fará a diferença. Então é uma questão de tática que eles vão discutir, tenho certeza.

MARGARET BRENNAN: Então você também disse recentemente que acha que os investidores começaram a questionar se o dólar ainda garantiria o seu estatuto de moeda de refúgio definitivo. Quero dizer, o dólar americano é, francamente, uma das armas mais fortes que a administração tem de utilizar. Você acha que o aumento da criptomoeda é o mais ameaçador ou por que você está preocupado?

CHRISTINE LAGARDE: Vejo sinais de que a atracção do dólar está ligeiramente corroída, e o futuro dirá se haverá mais erosão disso. Mas quando você olha para a ascensão das criptomoedas, em primeiro lugar, quando você olha para o preço do ouro. O ouro é normalmente, em qualquer situação, o destino closing para um porto seguro. O preço do ouro aumentou mais de 50% desde o início do ano. —

MARGARET BRENNAN: — Então as pessoas estão preocupadas. —

CHRISTINE LAGARDE: – Esse é um sinal claro de que a confiança na moeda de reserva que o dólar foi, é e continuará a ser, está se desgastando um pouco. Além disso, temos visto fluxos de capital para fora dos EUA em direção a outros destinos, incluindo a Europa. Então, você sabe, para que uma moeda seja realmente confiável, você precisa de algumas coisas. Você precisa de credibilidade geopolítica. Você precisa do Estado de direito e de instituições fortes. E você precisa, eu diria, de uma força militar que seja forte o suficiente. Penso que, em pelo menos um e possivelmente dois aspectos, os EUA ainda estão numa posição muito dominante, mas precisam de ter muito cuidado porque essas posições desgastam-se ao longo do tempo. Já vimos isso com a libra esterlina, você sabe, muito tempo atrás, depois da guerra. Mas acontece suavemente, suavemente, você não percebe e então acontece de repente. E estamos a ver sinais intrigantes disso, e é por isso que penso que é importante ter uma instituição forte como a Fed, por exemplo. Ter um ambiente confiável para o comércio é importante. Portanto, a volatilidade e a incerteza, na medida em que são alimentadas pela administração, não são benéficas para o dólar.

MARGARET BRENNAN: Rapidamente sobre a Ucrânia, o Presidente Zelenskyy disse que lhe falou recentemente sobre a utilização de activos russos congelados. O que é uso justo na sua opinião?

CHRISTINE LAGARDE: Acho que o uso justo consistiria em um empréstimo operacional que usaria saldos de caixa como garantia. E penso que a força do sistema deveria basear-se em que todos os detentores de activos russos fizessem a mesma coisa. Portanto, se todos os países que detêm activos, que têm saldos de caixa disponíveis como garantias, seguirem na mesma direcção de emprestar dinheiro à Ucrânia para ser reembolsado pelo financiamento russo da reconstrução da Ucrânia, porque a Rússia é o agressor, então penso que isso ajudaria muito a convencer a Rússia de que tem de se sentar à mesa para negociar.

MARGARET BRENNAN: Christine Lagarde, é sempre bom ouvir seus insights. Já voltamos.

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