Quando dois homens acusados de espionagem para Pequim saíram em liberdade de um tribunal de Londres no mês passado, os tremores foram sentidos muito além de Westminster. Em Washington, registaram-se como algo muito mais sério: uma fissura na base de uma das parcerias de inteligência mais confiáveis do mundo. Agora, a Casa Branca alerta que o facto de a Grã-Bretanha não ter processado os alegados espiões – uma decisão que os críticos dizem ter sido motivada pelo desejo de apaziguar a China – poderá colocar em risco a própria “relação especial”. À medida que as suspeitas giram em torno da pressão política, da influência económica e da hesitação estratégica em Londres, as consequências ameaçam redesenhar os contornos da cooperação de segurança entre o Reino Unido e os EUA, numa altura em que ambas as nações enfrentam uma crescente influência chinesa.
Dirigindo as notícias
A Casa Branca emitiu um aviso invulgarmente contundente ao Reino Unido depois de os procuradores terem retirado as acusações de espionagem contra dois homens britânicos acusados de espionar para a China – uma decisão que enfureceu Washington e levantou dúvidas sobre a fiabilidade da Grã-Bretanha como parceiro de segurança.O colapso do caso de grande repercussão contra Chris Money, um antigo investigador parlamentar, e Christopher Berry, um académico, provocou uma tempestade política em Londres e uma rixa diplomática com Washington. Altos funcionários da administração Trump dizem que a partilha continuada de informações pode estar em risco, enquanto os republicanos instam o Reino Unido a reativar a acusação para enviar uma mensagem clara a Pequim.
Por que isso importa
Durante décadas, o Reino Unido e os EUA partilharam algumas das informações mais sensíveis do mundo sob a aliança “Cinco Olhos”. Essa confiança depende de ambos os lados tratarem as ameaças de espionagem com igual seriedade. A decisão de retirar as acusações – alegadamente porque o governo se recusou a rotular a China como “inimiga” – está a ser vista em Washington como um sinal de que Londres está a abrandar com Pequim, no momento em que o Presidente Trump intensifica uma guerra comercial e alerta os aliados sobre a infiltração chinesa.Se a Grã-Bretanha for vista como politicamente relutante em confrontar a espionagem chinesa, dizem as autoridades norte-americanas, a cooperação em matéria de inteligência – a base da relação de segurança transatlântica – poderá ser prejudicada.
O quadro geral
O caso colapsado: Money e Berry foram acusados de acordo com a Lei de Segredos Oficiais de 1911, acusados de passar informações confidenciais a um agente chinês entre 2021 e 2023. Os promotores disseram que Berry produziu pelo menos 34 relatórios para Pequim, alguns prejudiciais à segurança nacional do Reino Unido. Mas o caso implodiu quando as autoridades se recusaram a definir a China como “inimiga” – um requisito authorized para processo.A raiva de Washington: Um alto funcionário dos EUA alertou que o fracasso em processar a “coerção e influência adversária” poderia limitar a futura partilha de informações de inteligência. John Moolenaar, chefe do Comitê da Câmara sobre a China, instou a Grã-Bretanha a não deixar o caso “vacilar”.Consequências políticas em Londres: Partidos da oposição, antigos chefes de espionagem e líderes conservadores acusaram o primeiro-ministro Keir Starmer de apaziguar a China para garantir investimentos. Eles alegam que o conselheiro do Tesouro e de Segurança Nacional, Jonathan Powell, pressionou os promotores para abandonar o caso e atrasar a publicação de uma auditoria crítica sobre a China.Powell sob ataque: Powell, que já foi chefe de gabinete de Tony Blair, enfrenta apelos para renunciar. Ele está ligado a grupos pró-China e teria estado envolvido nas negociações sobre o retorno das Ilhas Chagos às Maurícias, um aliado de Pequim. Fontes governamentais negam que ele tenha influenciado a decisão.Comércio e diplomacia emaranhados: A China vinculou grandes incentivos económicos às suas exigências. O embaixador de Pequim advertiu que a planeada nova embaixada chinesa em Londres não seria concretizada sem garantias. Jingye, o proprietário chinês da British Metal, ofereceu renunciar a um pedido de compensação de mil milhões de libras se a embaixada for aprovada.Tensões mais amplas: O escândalo surge no momento em que Trump aumenta as tarifas sobre produtos chineses para 130% e acusa Pequim de restringir as exportações minerais essenciais. Entretanto, o governo de Starmer é acusado de suavizar a posição da Grã-Bretanha em relação à China, incluindo em questões sensíveis como a Huawei, o investimento estrangeiro e os direitos humanos.O que vem a seguir: Espera-se que o Parlamento understand um debate de emergência. Os conservadores estão a explorar acções legais contra o governo ao abrigo da Lei de Segurança Nacional, e cresce a pressão para uma explicação pública do procurador-geral. Com a confiança entre os EUA e o Reino Unido agora visivelmente tensa, o destino da futura cooperação em matéria de inteligência – e da política britânica em relação à China – está em jogo.