O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu vetar um projeto de lei aprovado pelo Congresso para reduzir a pena de prisão de Jair Bolsonaro, o ex-presidente que foi condenado a mais de 27 anos de prisão por ser o mentor de uma tentativa de golpe para derrubar as eleições de 2022.
Os legisladores aprovaram o projeto na noite de quarta-feira, depois de ter sido aprovado na semana passada pela Câmara dos Deputados. Na quinta-feira, o presidente de esquerda do Brasil – que, segundo as investigações mostraram, foi alvo de um plano de assassinato como parte do plano golpista – reconheceu que o seu veto poderia eventualmente ser anulado pelo Congresso, em grande parte conservador.
“Com todo o respeito ao Congresso, quando chegar à minha mesa, vou vetá-lo”, disse Lula aos jornalistas na quinta-feira, acrescentando que aqueles que cometeram crimes contra a democracia brasileira “terão que pagar pelos seus atos”.
“Eu tenho o direito de vetar, e então eles têm o direito de derrubar meu veto ou não. Esse é o jogo.”
Especialistas jurídicos estimam que o projeto de lei reduzirá o tempo de Bolsonaro em regime fechado, atualmente um mínimo de seis anos, para pouco mais de dois, dependendo de mecanismos de redução de pena, como bom comportamento ou leitura de livros.
O líder da extrema direita já cumpre pena em uma cela especial na sede da Polícia Federal, em Brasília, e seus advogados buscam autorização do Supremo Tribunal para que ele seja submetido a uma cirurgia de hérnia.
Embora a legislação fique muito aquém da anistia complete que Bolsonaro e seus filhos vinham exigindo, sua aprovação está sendo comemorada pela família do ex-presidente.
“Não period exatamente o que queríamos… mas foi o que foi possível,” postado o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente e, por enquanto, a escolha da família para enfrentar Lula nas eleições de 2026.
O projeto de lei reduz o tempo de prisão ao combinar as penas para dois crimes diferentes – como “tentativa de golpe” e “abolição violenta do Estado democrático de direito” – mas contando apenas o crime com a pena mais alta.
Beneficia não só Bolsonaro, mas todos os seus assessores, incluindo oficiais militares de alta patente que, pela primeira vez, também foram condenados por tentativa de golpe no Brasil, bem como centenas de pessoas que saquearam a capital, Brasília, em 8 de Janeiro de 2023.
Por esse motivo, a aprovação está sendo vista como um revés significativo para aqueles que celebraram amplamente as condenações como um sinal de progresso democrático no Brasil. Uma pesquisa de opinião recente mostrou que a maioria dos brasileiros se opôs à redução das penas.
A jornalista e escritora Miriam Leitão, uma proeminente analista política, descreveu a aprovação do projeto de lei como a reabertura do “ciclo histórico de impunidade” do Brasil: “2025 estava destinado a entrar para a história como o ano em que o Brasil puniu os conspiradores golpistas pela primeira vez, mas o projeto de lei… ameaça fazer o país repetir o passado”, ela escreveu em sua coluna no jornal O Globo.









