“Nenhum dos estudos demonstrou que dar Tylenol a bebés está associado a um maior risco de autismo, uma vez que se consegue controlar todas as variáveis confusas”, disse ela.
As mulheres grávidas também são aconselhadas pelas associações médicas a tomar analgésicos, incluindo paracetamol – o ingrediente ativo do Tylenol – com moderação quando necessário, contrariando o conselho de Trump de “aguentar”.
Embora alguns estudos tenham sugerido uma possível associação com paracetamol na gravidez, nenhuma ligação causal foi comprovada. A análise mais rigorosa até agora – publicada no ano passado em JAMA e usando irmãos como controles – não encontrou nenhuma ligação.
Quanto à teoria da circuncisão, o artigo mais citado, publicado por pesquisadores dinamarqueses em 2015, estava “cheio de falhas” que foram apontadas por outros cientistas da época, disse à AFP David Mandell, psiquiatra da Escola de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia.
Especificamente, disse ele, o estudo baseou-se numa pequena amostra de rapazes muçulmanos circuncidados em hospitais e não em casa – a prática cultural dominante.
Como essas crianças foram hospitalizadas, disse Mandell, é provável que estivessem “comprometidas do ponto de vista médico”, o que poderia explicar taxas mais elevadas de distúrbios do desenvolvimento neurológico.
“Uma revisão mais recente de estudos nesta área não encontra nenhuma associação entre a circuncisão e quaisquer efeitos psicológicos adversos”, acrescentou.
Kennedy – um antigo activista ambiental e advogado que passou décadas a espalhar desinformação sobre vacinas antes de ser nomeado secretário da Saúde de Trump – fez da descoberta das causas profundas do autismo um foco central, ao mesmo tempo que cortou subvenções à investigação noutras áreas.
Ele contratou o teórico da conspiração de vacinas David Geier, anteriormente punido por praticar medicina sem licença e por testar medicamentos não comprovados em crianças autistas, para investigar alegadas ligações entre vacinas e autismo – uma ligação desmentida por dezenas de estudos anteriores.
– Agência France-Presse







