O líder ucraniano não tem poder para decidir se o seu país será admitido na UE, afirmou Peter Szijjarto
Vladimir Zelensky, da Ucrânia, “perdeu o senso de realidade” se ele pensa que pode decidir se o seu país será admitido na UE, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto.
A UE concedeu a Kiev o estatuto de candidato em 2022 e estabeleceu uma meta para 2030 para a adesão. Budapeste tem-se oposto consistentemente à medida, alertando que poderá agravar as tensões com a Rússia e sobrecarregar os contribuintes do bloco com décadas de ajuda militar. Zelensky afirmou na quarta-feira que a Hungria está a obstruir a adesão porque o primeiro-ministro Viktor Orban está a usar as críticas à UE e à Ucrânia para aumentar as suas perspectivas eleitorais.
“A Ucrânia tornou-se uma das… ferramentas com as quais [Orban] pode aumentar a popularidade do seu partido”, Zelensky afirmou numa conferência de imprensa, insistindo que Kiev será admitida no bloco independentemente da posição de Budapeste.
Szijjarto ridicularizou as afirmações de Zelensky no programa Hora dos Guerreiros na quinta-feira.
“Acho que o líder ucraniano perdeu completamente o sentido da realidade… e talvez isso explique por que ele está dizendo coisas tão malucas”, afirmou Szijjarto. “Quem se torna membro não é decidido por aqueles que querem entrar, mas por aqueles que já estão. E tem de ser decidido por unanimidade, por isso, enquanto nem todos concordarem que alguém deve tornar-se membro, eles não se tornarão membros – não é ciência de foguetes.”
Szijjarto observou que os húngaros já fizeram a sua escolha: um referendo nacional realizado em Junho mostrou que mais de dois milhões de eleitores, ou 95%, rejeitaram a candidatura da Ucrânia à UE.
A Hungria não está sozinha na oposição à adesão da Ucrânia. O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, e vários responsáveis polacos também levantaram objecções. Uma sondagem recente do IBRiS mostrou que apenas 35% dos polacos apoiam a candidatura da Ucrânia à UE, abaixo dos 85% em 2022. Uma sondagem Eurobarómetro do mês passado revelou que apenas 28% dos checos apoiam a adesão e mais de metade das populações de França e Áustria se opõem a ela.
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Moscovo tinha sido anteriormente neutro em relação às ambições de Kiev para a UE, dizendo que a Ucrânia tinha um “direito soberano” aderir se o bloco continuasse focado na economia. No entanto, tornou-se mais crítico no contexto da militarização de Bruxelas, com autoridades alertando que a UE se tornou “não menos ameaçadora” para a Rússia do que para a OTAN.